quarta-feira, 28 de abril de 2010

Darksiders



"Darksiders" é o primeiro projeto do estúdio Vigil Games, criado pelo ex-funcionário da NC Soft, David Adams, e pelo artista de quadrinhos Joe Madureira. Trata-se de um game de ação que bebe na fonte de grandes clássicos que vão desde a série "Castlevania" a "Legend of Zelda", mas que consegue ir além da cópia ao apresentar uma mecânica bem amarrada e um estilo visual marcante.

Fim do mundo

O roteiro com inspirações bíblicas é bem construído e coloca o jogador como Guerra, um dos quatro cavaleiros do apocalipse. O sujeito, ao lado de seus três companheiros, é responsável por arbitrar o combate final entre as forças do Céu e Inferno que ocorrerá no reino dos homens assim que sete selos sagrados forem rompidos. O problema é que o guerreiro é enganado pelo que parece ter sido um início prematuro do fim do mundo e precisa encontrar o responsável, protegido em algum lugar de uma Terra destruída e ocupada por demônios e anjos.

O cerne do game funciona como em "God of War". Guerra é destituído de seus grandes poderes logo no início da aventura e precisa se reequipar para poder enfrentar as maiores ameaças. A busca leva a encontrar seu cavalo Ruína, armas especiais como uma foice e uma manopla, além de bônus na forma de golpes especiais ou energia extra. Os combates são recheados de combos e eventos Quicktime aparecem nas lutas contra os chefes - assim como na aventura de Kratos, é preciso pressionar os botões indicados na tela para finalizar os adversários mais fortes.

A exploração também é similar ao do sucesso da Sony, com pitadas de games como "Metroid" em que é necessário falar com o sujeito X no local Y e coletar o item W para abrir a porta Z. Há muita coisa a ser descoberta, assim como referências a outros games em pequenos eventos que pontuam a ação.

Apesar das citações, não trata de uma mera cópia de sucessos consagrados. "Darksiders" se beneficia de um design inteligente de estágios que sabe misturar bem todos esses elementos com naturalidade. Não há muitas divisões brutas entre um momento "Zelda" ou um trecho "God of War", com elos orgânicos. Os puristas certamente torcerão o nariz, mas se trata de um coquetel bem batido.

Boa parte do sucesso de "Darksiders" também pode ser atribuído ao inspirado trabalho de Madureira. Ele, que foi um dos artistas de quadrinhos mais populares da década passada nos EUA, continua com seu estilo que mistura traços de mangá a convenções clássicas das obras americanas e proporciona um visual bastante interessante. Os personagens são exagerados, com braços longos e cheios de acessórios absurdos, que conquistam pelo exagero e pela excentricidade. Há também um bom uso da paleta de cores, com a escolha de tons fortes que lembram as páginas de quadrinhos modernos.

Os gráficos conseguem reproduzir de maneira fiel os designs do artista, que já ilustrou títulos como "X-Men" e "Battle Chasers". Ainda que os cenários pareçam um pouco aborrecidos pela falta de uma maior quantidade de elementos de cena, há uma boa variedade de monstros e objetos a serem destruídos, o que instiga ainda mais a exploração e o avanço.

O áudio é superior não só no uso de efeitos surround, mas também na dublagem. A equipe de atores escalada é experiente e conta com nomes como Mark Hammil, o eterno Luke Skywalker que há pouco tempo interpretou o Coringa em "Batman: Arkham Asylum", e a atriz Moon Bloodgood, que pode ser vista em filmes como "O Exterminador do Futuro: A Salvação".