
Assim, quando "Call of Duty", a franquia rival, deixou a 2ª Guerra Mundial para trás e explorou um conflito moderno - ainda que fictício - a partir de "Call of Duty 4: Modern Warfare", muitos deram como certo o fim de "Medal of Honor". A série, como conhecíamos, realmente chegou ao fim.
O jogo que chega aos consoles de alta definição quase nada tem em comum com os episódios anteriores: é um jogo de tiro em primeira pessoa, ambientado em um conflito real - dessa vez, o ainda quente Afeganistão - e com pequenos momentos de exaltação patriótica norte-americana. Todo o resto é diferente, de qualidade muito superior ao que foi feito pela EA com a série nos últimos anos.
A campanha solo de "Medal of Honor", produzida pelo estúdio Danger Close, coloca o jogador no controle de diferentes soldados. A maior parte do tempo, o herói é um membro do Tier 1, espécie de tropa de elite do exército dos Estados Unidos. São soldados durões, com aparência de motoqueiro e que atuam sozinhos ou em dupla, em missões de infiltração ou acertando alvos a mais de um quilômetro de distância com seus poderosos rifles de precisão.
Também há momentos no volante de um quadriciclo, no comando de um helicóptero e até mesmo de um avião bombardeiro, mas o auge da campanha está no arco de missões envolvendo um grupo de rangers, soldados mais comuns do que os "Rambos" e "Chuck Norris" do Tier 1. A missão dos rangers começa com uma sequência de animação que, de certa forma, homenageia as cenas de desembarque no Dia D do primeiro "Medal of Honor" e culmina com o jogador e seus colegas cercado por todos os lados, lutando desesperadamente para sobreviver.
O jogo é impecável nos quesitos técnicos e a mira automática é quase tão boa quanto nos mais recentes "Call of Duty". Novas mecânicas de jogo, como aliados que fornecem munição e o movimento de cobertura, em que o soldado corre e se joga em direção a qualquer proteção disponível, funcionam bem. Trilha e efeitos sonoros tornam a ação vista na tela ainda mais intensa e os efeitos visuais impressionam em alguns momentos - como quando o céu escurece com a poeira levantada por um bombardeio.
O jogo oferece uma boa diversidade de modos multiplayer, dentre os quais o destaque é o modo Combat Mission, que dá cinco objetivos para cada time e um tempo limite para conquistar ou defender cada um deles. É uma fórmula que a DICE - responsável pelas modalidades para vários jogadores - domina com maestria e o resultado é muito bom.
Também há o modo Tier 1, em que o jogador percorre as fases da campanha solo correndo contra o relógio. Certas ações, como tiros certeiros na cabeça, acrescentam alguns segundos ao contador, mas se o tempo acabar antes do fim da fase, já era, é preciso começar de novo.
O multiplayer e o modo Tier 1 dão vida extra ao jogo, uma compensação justa para a curta campanha principal - dá para ir do começo ao fim em uma tarde. Pode ser pouco, mas será uma tarde muito bem aproveitada.
Recriar "Medal of Honor" como um jogo de tiro moderno e relevante é uma conquista e tanto para os estúdios Danger Close e DICE, da Electronic Arts. Pode ser que o jogo copie elementos de "Call of Duty", mas a série da Activision fez o mesmo com "Medal" no passado. Em sua atual encarnação, o jogo de guerra da EA não foi capaz de destronar o oponente, mas sem dúvida, se apresentou como um adversário de respeito.