Desde o lançamento do primeiro "Medal of Honor", em 1999, a série se tornou sinônimo de jogos de guerra. Seu clima cinematográfico, cheio de momentos emocionantes que faziam os jogadores da época se sentirem no meio das batalhas da 2ª Guerra Mundial, foi copiado em muitos jogos e explorado a exaustão nos 18 jogos seguintes.
Assim, quando "Call of Duty", a franquia rival, deixou a 2ª Guerra Mundial para trás e explorou um conflito moderno - ainda que fictício - a partir de "Call of Duty 4: Modern Warfare", muitos deram como certo o fim de "Medal of Honor". A série, como conhecíamos, realmente chegou ao fim.
O jogo que chega aos consoles de alta definição quase nada tem em comum com os episódios anteriores: é um jogo de tiro em primeira pessoa, ambientado em um conflito real - dessa vez, o ainda quente Afeganistão - e com pequenos momentos de exaltação patriótica norte-americana. Todo o resto é diferente, de qualidade muito superior ao que foi feito pela EA com a série nos últimos anos.
A campanha solo de "Medal of Honor", produzida pelo estúdio Danger Close, coloca o jogador no controle de diferentes soldados. A maior parte do tempo, o herói é um membro do Tier 1, espécie de tropa de elite do exército dos Estados Unidos. São soldados durões, com aparência de motoqueiro e que atuam sozinhos ou em dupla, em missões de infiltração ou acertando alvos a mais de um quilômetro de distância com seus poderosos rifles de precisão.
Também há momentos no volante de um quadriciclo, no comando de um helicóptero e até mesmo de um avião bombardeiro, mas o auge da campanha está no arco de missões envolvendo um grupo de rangers, soldados mais comuns do que os "Rambos" e "Chuck Norris" do Tier 1. A missão dos rangers começa com uma sequência de animação que, de certa forma, homenageia as cenas de desembarque no Dia D do primeiro "Medal of Honor" e culmina com o jogador e seus colegas cercado por todos os lados, lutando desesperadamente para sobreviver.
O jogo é impecável nos quesitos técnicos e a mira automática é quase tão boa quanto nos mais recentes "Call of Duty". Novas mecânicas de jogo, como aliados que fornecem munição e o movimento de cobertura, em que o soldado corre e se joga em direção a qualquer proteção disponível, funcionam bem. Trilha e efeitos sonoros tornam a ação vista na tela ainda mais intensa e os efeitos visuais impressionam em alguns momentos - como quando o céu escurece com a poeira levantada por um bombardeio.
O jogo oferece uma boa diversidade de modos multiplayer, dentre os quais o destaque é o modo Combat Mission, que dá cinco objetivos para cada time e um tempo limite para conquistar ou defender cada um deles. É uma fórmula que a DICE - responsável pelas modalidades para vários jogadores - domina com maestria e o resultado é muito bom.
Também há o modo Tier 1, em que o jogador percorre as fases da campanha solo correndo contra o relógio. Certas ações, como tiros certeiros na cabeça, acrescentam alguns segundos ao contador, mas se o tempo acabar antes do fim da fase, já era, é preciso começar de novo.
O multiplayer e o modo Tier 1 dão vida extra ao jogo, uma compensação justa para a curta campanha principal - dá para ir do começo ao fim em uma tarde. Pode ser pouco, mas será uma tarde muito bem aproveitada.
Recriar "Medal of Honor" como um jogo de tiro moderno e relevante é uma conquista e tanto para os estúdios Danger Close e DICE, da Electronic Arts. Pode ser que o jogo copie elementos de "Call of Duty", mas a série da Activision fez o mesmo com "Medal" no passado. Em sua atual encarnação, o jogo de guerra da EA não foi capaz de destronar o oponente, mas sem dúvida, se apresentou como um adversário de respeito.