terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Call of Duty: Black Ops


"Call of Duty" começou em 2003 como mais um jogo de tiro em primeira pessoa, claramente inspirado no sucesso de "Medal of Honor" mas não demorou para superar a franquia rival. A partir de 2007, com "Modern Warfare", "Call of Duty" se tornou o jogo a ser copiado e, quem sabe, superado.

A produtora Treyarch, vista como um estúdio secundário - os dois games "Modern Warfare" são criações da Infinity Ward - se aventura em um território inédito para a franquia: os conflitos dos anos 60, quando Estados Unidos e União Soviética lutavam ao redor do globo por influência política. Assim como "Metal Gear Solid", a Guerra Fria serve de pano de fundo para uma trama de ficção envolvente que faz a ligação entre os "Call of Duty" antigos e o primeiro "Modern Warfare".

Na campanha principal, o jogador assume o papel de Mason, soldado de Operações Especiais norte-americano, em busca de uma arma biológica terrível e de vingança. Com exceção de três missões curtas, o foco da narrativa está em Mason e essa decisão permitiu contar uma história muito mais detalhada e cheia de reviravoltas, digna dos melhores filmes de ação.

E ação é o que não falta em "Black Ops": em cerca de 15 horas de campanha, o jogador vai atropelar policiais nas ruas de Cuba, atirar em um ditador, saltar de rapel, fazer base jump do alto de uma montanha, mergulhar no mar do Caribe, explodir uma nave espacial, trocar tiros nos telhados de Hong Kong, usar oponentes como escudo, escapar de uma prisão siberiana, chuta latões de Napalm sobre os inimigos, pilotar lanchas ao som de "Sympathy for the Devil", dos Rolling Stones, voar em helicópteros, jogar "roleta russa" e eventualmente salvar o mundo, literalmente, com as próprias mãos.

Outro mérito do jogo é a diversidade: além dos excelentes tiroteios, há rápidas trocas de socos, missões de infiltração furtiva, batalhas aéreas e até mesmo estratégia em tempo real, em que um piloto passa instruções para a tropa em solo. As armas também são variadas: além das típicas metralhadoras, pistolas, rifles de precisão e lança-foguetes, o arsenal inclui bestas com flechas explosivas, bombas arremessadas em um enorme estilingue improvisado, mísseis anti-aéreos guiados pelo jogador e machadinhas.

Mesmo para um game de tiro, "Black Ops" é bastante violento. Gargantas cortadas, tomadas de câmera dramáticas em tiros na testa e uma sequência onde o jogador tortura um informante são parte do jogo.

Além da campanha, "Black Ops" possui outros modos de jogo e extras divertidos. A modalidade multijogador é uma evolução de "Modern Warfare 2", com novas mecânicas - o dinheiro e os contratos - que tornam o game mais divertido e profundo. Além da experiência, o jogador recebe créditos a cada partida e com eles, pode liberar armas, habilidades especiais e acessórios. Isso elimina a ordem em que cada novo item aparece no jogo e agiliza o processo de escolha, tornando as partidas mais estratégicas e divertidas.

Por fim, retorna o modo Zumbi de "Call of Duty: World at War", onde até quatro jogadores enfrentam hordas de nazistas mortos-vivos, nos moldes de "Left 4 Dead", mas com uma orientação similar aos jogos de tiro mais antigos, onde cada morte conta pontos que são usados para comprar armas, munição, abrir portas e até "vidas" extras.

O modo Zumbi tem dois cenários: no primeiro, liberado desde o começo, os jogadores são soldados da 2ª Guerra Mundial presos em um cinema durante a invasão zumbi. O outro, que se abre após o fim da campanha solo, coloca um quarteto ilustre da década de 60 para enfrentar os mortos dentro do Pentágono: John Kennedy, Fidel Castro, Richard Nixon e o secretário de defesa Robert Macnamara.

Entre os extras do jogo, se destacam dois, liberados ao explorar o menu inicial: o adventure de texto "Zork", relíquia do começo dos anos 80, e "Dead Ops Arcade", um game de tiro no estilo "Zombie Apocalypse", em que os jogadores disparam contra zumbis e coletam itens especiais, inclusive um macaco astronauta e armas especiais de "Call of Duty". Há também artes conceituais e modelos dos personagens do game.

Com visual incrível, diversidade e muita ação, "Black Ops" é o melhor jogo de tiro do ano, não há dúvidas. A Treyarch mostrou que é capaz de ir além da 2ª Guerra Mundial e explorar territórios modernos, prendendo a atenção do jogador em uma grande aventura de guerra e conspiração. Mais ainda, com "Black Ops" o estúdio provou que, quando se trata de jogos de tiro, por enquanto, só um novo "Call of Duty" é capaz de superar "Call of Duty".