sexta-feira, 25 de março de 2011

Medal of Honor

Desde o lançamento do primeiro "Medal of Honor", em 1999, a série se tornou sinônimo de jogos de guerra. Seu clima cinematográfico, cheio de momentos emocionantes que faziam os jogadores da época se sentirem no meio das batalhas da 2ª Guerra Mundial, foi copiado em muitos jogos e explorado a exaustão nos 18 jogos seguintes.

Assim, quando "Call of Duty", a franquia rival, deixou a 2ª Guerra Mundial para trás e explorou um conflito moderno - ainda que fictício - a partir de "Call of Duty 4: Modern Warfare", muitos deram como certo o fim de "Medal of Honor". A série, como conhecíamos, realmente chegou ao fim.

O jogo que chega aos consoles de alta definição quase nada tem em comum com os episódios anteriores: é um jogo de tiro em primeira pessoa, ambientado em um conflito real - dessa vez, o ainda quente Afeganistão - e com pequenos momentos de exaltação patriótica norte-americana. Todo o resto é diferente, de qualidade muito superior ao que foi feito pela EA com a série nos últimos anos.

A campanha solo de "Medal of Honor", produzida pelo estúdio Danger Close, coloca o jogador no controle de diferentes soldados. A maior parte do tempo, o herói é um membro do Tier 1, espécie de tropa de elite do exército dos Estados Unidos. São soldados durões, com aparência de motoqueiro e que atuam sozinhos ou em dupla, em missões de infiltração ou acertando alvos a mais de um quilômetro de distância com seus poderosos rifles de precisão.

Também há momentos no volante de um quadriciclo, no comando de um helicóptero e até mesmo de um avião bombardeiro, mas o auge da campanha está no arco de missões envolvendo um grupo de rangers, soldados mais comuns do que os "Rambos" e "Chuck Norris" do Tier 1. A missão dos rangers começa com uma sequência de animação que, de certa forma, homenageia as cenas de desembarque no Dia D do primeiro "Medal of Honor" e culmina com o jogador e seus colegas cercado por todos os lados, lutando desesperadamente para sobreviver.

O jogo é impecável nos quesitos técnicos e a mira automática é quase tão boa quanto nos mais recentes "Call of Duty". Novas mecânicas de jogo, como aliados que fornecem munição e o movimento de cobertura, em que o soldado corre e se joga em direção a qualquer proteção disponível, funcionam bem. Trilha e efeitos sonoros tornam a ação vista na tela ainda mais intensa e os efeitos visuais impressionam em alguns momentos - como quando o céu escurece com a poeira levantada por um bombardeio.

O jogo oferece uma boa diversidade de modos multiplayer, dentre os quais o destaque é o modo Combat Mission, que dá cinco objetivos para cada time e um tempo limite para conquistar ou defender cada um deles. É uma fórmula que a DICE - responsável pelas modalidades para vários jogadores - domina com maestria e o resultado é muito bom.

Também há o modo Tier 1, em que o jogador percorre as fases da campanha solo correndo contra o relógio. Certas ações, como tiros certeiros na cabeça, acrescentam alguns segundos ao contador, mas se o tempo acabar antes do fim da fase, já era, é preciso começar de novo.

O multiplayer e o modo Tier 1 dão vida extra ao jogo, uma compensação justa para a curta campanha principal - dá para ir do começo ao fim em uma tarde. Pode ser pouco, mas será uma tarde muito bem aproveitada.

Recriar "Medal of Honor" como um jogo de tiro moderno e relevante é uma conquista e tanto para os estúdios Danger Close e DICE, da Electronic Arts. Pode ser que o jogo copie elementos de "Call of Duty", mas a série da Activision fez o mesmo com "Medal" no passado. Em sua atual encarnação, o jogo de guerra da EA não foi capaz de destronar o oponente, mas sem dúvida, se apresentou como um adversário de respeito.

Gran Turismo 5


As primeiras imagens de "Vision GT", nome pelo qual "Gran Turismo 5" atendia há cinco anos, mostravam uma corrida de NASCAR com diversos carros na pista, um trabalho frenético nos boxes e imagens espetaculares. Na época, a Sony não imaginava que era cedo demais para mostrar algo do estúdio Polyphony Digital e que isso faria fãs ao redor do mundo ficarem esperando algo para breve.

De lá pra cá, três demonstrações do jogo foram disponibilizadas: "Gran Turismo HD", "Gran Turismo 5 Prologue" - que não passa de um aperitivo bem servido - e mais recentemente, "Gran Turismo 5 Time Trial Demo" com um único modelo de carro e pista.

Isso só fomentou aqueles que estavam ansiosos. Pois bem. Chegou a hora de ver o trabalho de Kazunori Yamauchi e descobrir se este é realmente o simulador definitivo de corridas.

Na tela inicial o jogador tem as opções de iniciar o GT Mode ou o Arcade, além de estar acessível o criador de pistas, um botão para gravar o avanço e outro para acessar as opções. O modo Arcade é bem direto ao ponto e coloca à disposição do jogador uma grande variedade de veículos e todos os circuitos.

Aqui já dá para ter um gostinho do que existe no modo principal. Ao entrar na pista pela primeira vez, muitos podem pensar que não existe diferença se comparado com o que foi mostrado em "GT5 Prologue", mas elas existem. Não só nos carros, mas nas pistas e até mesmo no piloto.

Tudo está mais detalhado e polido, com detalhes minúsculos que somente o pessoal da Polyphony Digital pensou. Um bom exemplo disso está inclusive no tapete do carro, que só é mostrado nos replays. Nas pistas os detalhes são surpreendentes, como o asfalto quebrado ou as pequenas pedras que formam as pistas de rali. Tudo rodando a incríveis 60 quadros por segundo, sem engasgos ou gargalos.
A é a simulação continua sendo o coração da franquia. Cada veículo possui uma forma diferente de se pilotar e tudo isso é baseado em uma infinidade de fatores, como tipo de tração (frontal, traseira ou nas quatro rodas), peso, tipo de pneu e da pista (para asfalto, terra, neve ou piso molhado) e mais uma infinidade de fatores.

No total, são mais de mil carros e 75 variações de pistas. Muitos circuitos são conhecidos dos fãs, como High Speed Ring, Suzuka e Trial Mountain, mas também existem novidades, como o Special Stage Route 7, uma pista composta quase que exclusivamente por duas retas gigantescas que são ótimas para carros de alto desempenho.

Existem cenários em que as corridas são durante o dia, outros à noite e alguns na chuva, mas apenas dois deles possuem o conjunto no qual é possível ver o tempo passar e a variação do clima: o circuito de La Sarthe e o conjuntos de estradas de Nürburgring. Correr as provas de longa duração desses dois cenários acaba se mostrando uma experiência sem igual. Ver o sol se pondo e a escuridão tomando conta da pista é indescritível. Porém, estas corridas só estão disponíveis no GT Mode, o modo principal de carreira.

Sinal verde

O GT Mode é o centro das atrações. Lá o jogador cria um piloto para representá-lo no mundo digital - ele pode ser visto em carros conversíveis ou nos karts. É necessário prestar muita atenção, já que a escolha do uniforme só pode ser feita uma única vez.

O game possui uma rede social dedicada na qual os usuários podem encontrar amigos e até escrever um microblog, no estilo do Twitter. Cada jogador tem uma página que registra todos os feitos, como os resultados das últimas provas e carros comprados. Também é possível postar replays, fotos e até mesmo compartilhar carros. É um serviço bem completo e requintado que condiz com capricho do título.

A estrutura de "Gran Turismo 5" é parecida com o quarto game da série, entretanto existem algumas novidades que vieram à calhar, sendo a melhor delas a desobrigação de tirar cartas para participar de competições. Agora existe um sistema de experiência que determina quais competições podem ser acessadas, assim o jogador pode participar de provas sem sequer passar pela área de licenças.

O sistema é bem simples: no final de uma corrida são dados pontos conforme o desempenho na pista. Tudo conta pontos, desde a posição de chegada até quais assistentes de direção foram utilizados - como freios ABS, controle de tração etc. Dessa forma, ao chegar em um nível determinado, mais provas ficam à disposição. Além disso, a experiência do jogador também determina quais carros podem ser adquiridos, assim o jogo mantém o desafio de conseguir o carro dos sonhos sem ser um carrasco para quem não quer passar pelas provas de direção.

A vantagem de tirar cartas vai além de ser um apenas um desafio para conseguir mais troféus. Todas as lições dão uma soma grande de pontos de experiência, além disso, ao fazer todas as provas de uma classe o game libera carros e itens extras, como peças únicas que podem ser instaladas nos bólidos.

O modo multiplayer, por sua vez, é muito empolgante. O jogador pode criar uma sala parar disputar com amigos ou partir para uma disputa com pessoas ao redor do globo. O melhor é que é possível criar filtros de partidas determinando diversos aspectos, como qualidade de conexão, região e nível dos participantes. Dessa forma é possível entrar em disputas estáveis e competitivas.

Existe uma adição feita em "Gran Turismo 5" que poderia ficar de fora: o editor de pistas. Com ele é possível criar traçados únicos que podem ser compartilhados com amigos. Entretanto a experiência não é nada empolgante, pois só é possível usar modelos pré-determinados, sem possibilidade de fazer o desenho do traçado. As alterações que podem ser feitas são mínimas, se resumindo a quantos setores e curvas estarão no traçado.

são tantas as novidades que no final das contas, "Gran Turismo 5" tem tanto conteúdo que vai levar muito tempo para ser degustado. A garantia é que os entusiastas da direção vão levar meses para fazer todas as provas a e conseguir juntar todos os carros na garagem virtual. De fato, dificilmente existirá outro jogo nessa geração que terá tantas minúcias para serem exploradas e aproveitadas.

Alien vs Predator

Desde que foi sugerido por uma história em quadrinhos no início dos anos 90, o duelo entre os monstros da série "Aliens" e os caçadores espaciais de "Predador" se tornou base para uma grande variedade de produtos relacionados. Os videogames receberam várias versões do confronto e agora chega a vez da edição de 2010, uma espécie de reimaginação do jogo de tiro em primeira pessoa lançado para PC em 1999.

Como no clássico da década passada, "Alien Vs. Predator" funciona em modo solo como um pacote de três jogos distintos, todos bastante fiéis ao que foi visto no cinema durante os últimos trinta anos. Há a campanha centrada nos fuzileiros humanos, que funciona como um irmão de jogos como "Doom" e similares, com corredores escuros, alguns sustos e muitas rajadas de metralhadora. Não há o que pensar, só andar, abrir algumas portas e atirar. É o aspecto menos inspirado do jogo, cheio de clichês, que logo perde espaço para as missões com os verdadeiros astros do projeto. Em compensação, sua mecânica é a mais equilibrada de todas.

A campanha do Alien coloca o jogador em controle de um dos monstros babões que precisa fugir de um laboratório. Como nos filmes, o grande trunfo do bicho está nos ataques surpresa, então é sempre necessário procurar cantos escuros e um bom posicionamento (seja nas paredes ou até no teto) para atrair inimigos e emboscá-los. Os controles são um pouco desengonçados e os cenários não parecem ter sido pensados para aproveitar ao máximo o potencial da criatura, mas há ainda muita diversão na caçada a civis indefesos para usá-los como hospedeiros de filhotes.

O Predador é o caminho mais interessante de todos. Capaz de causar muito estrago com golpes diretos e repleto de recursos como camuflagem, lança e um canhão de plasma, o caçador é o guerreiro completo. Como a maioria das habilidades consomem energia, é necessário criar abordagens sutis e investir na furtividade. O cuidado compensa. De perto o sujeito é capaz de finalizar inimigos com incrível brutalidade para colecionar troféus para sua coleção, entre as três, é a ramificação que melhor consegue estreitar a relação do personagem com o jogador.

No modo multiplayer a diferença de funcionamento entre as três classes torna os combates bem versáteis. Há modalidades bem bacanas como a Predator Hunt, que coloca um jogador como Predador caçado pelo resto dos participantes, ou a Infestation, em que um usuário encarna o Alien e precisa matar os outros colegas de jogo para aumentar o time. Batalhas básicas como Death Match estão presentes, além do Domination, que funciona a partir de captura de bases, e o Survivor, voltado para ação cooperativa.

Vanquish


Ao olhar para o passado de Shinji Mikami e seus jogos, fica difícil traçar a trajetória entre "Resident Evil" e "Vanquish". Um tem a ação mais lenta, levando em consideração a sobrevivência e a exploração, o outro é mais dinâmico e frenético. Se existe uma coisa que ambos têm em comum é o quanto esses dois jogos divertem os jogadores.

Sam Guideon é um personagem, canastrão, cheio de marra e confiante - o herói possui uma armadura desenvolvida pela Agência de Pesquisa e Desenvolvimento Avançado (tradução da sigla DARPA, em inglês) que é a arma suprema no campo de guerra, permitindo que ele acabe com os soldados inimigos disparando e trocando de armas como nem mesmo John Rambo fez nas telas dos cinemas.

O cenário é uma colônia espacial que imita a vida na Terra, mas com um detalhe adicional: o lugar abriga um canhão de energia de micro-ondas capaz de destruir cidades inteiras em um piscar de olhos. Os inimigos são robôs e soldados russos que tentam dominar o local. E está aí a receita para um jogo empolgante, que incentiva o jogador a entrar de cabeça em uma trama de ficção científica envolvente e emocionante.

Nos três primeiros minutos, ainda no tutorial do jogo, a impressão é que "Vanquish" é apenas um jogo de tiro futurista e nada mais. Mas assim que a habilidade de disparar em câmera lenta é ensinada e é liberado o uso do botão para sair escorregando pelo chão em alta velocidade, é possível perceber que este não é mais um jogo qualquer.

Em principio, Sam é enviado junto com o exército para o espaço. Sua missão é coletar informações sobre a atuação da armadura ARS em uma situação real de combate, mas secretamente o seu intuito é resgatar o professor Candide, o criador da armadura e da fonte de energia da estação Providence.

A história tem um certo charme, ela tenta seguir na mesma linha de "Metal Gear Solid", colocando o jogador para acompanhar uma aventura sob o ponto de vista de um personagem cativante, mas que acaba se envolvendo em algo maior envolvendo traição no alto escalão dos governos.
Mas isso não é o foco de "Vanquish" - da mesma forma que não é de outros jogos de tiro muito bons. Em muitos aspectos, o game nem mesmo parece ter sido desenvolvido por uma produtora japonesa. Os controles são sólidos e precisos, enquanto o sistema de cobertura é eficiente e vital para manter Sam vivo.

Ao seu dispor estão diversas armas que podem ser melhoradas, indo desde os mais básicos como rifles de assalto, metralhadoras e rifles de precisão, e chegando em outras menos ortodoxas, como disparadoras de raios laser teleguiados e a Life Beam, que atravessa paredes e acerta inimigos que estão escondidos. Todas elas são divertidas de se usar e úteis em momentos específicos da trama.

Mas nada é mais poderoso que a própria armadura de Sam, a ARS Suit. Ela é que torna possível passar ileso por uma área apinhada de inimigos disparando contra o protagonista. Quando ele recebe muitos danos, o traje ativa sua magia: o aumento da realidade. Com isso, Sam enxerga tudo em câmera lenta por um determinado período de tempo. Assim ele consegue eliminar diversos inimigos, se esquivar de disparos e ainda sobra tempo para correr para uma área de proteção. Isso significa que, por mais difícil que seja a dificuldade, o que conta no final é a habilidade do jogador - a morte é sempre um erro humano, não uma limitação injusta do game.

A armadura também é capaz de disparar golpes poderosos como socos e chutes que consomem toda a sua energia. Os golpes são alterados conforme a arma empunhada por Sam - com rifles ele dispara um combo de socos, com escopetas ele dá um ataque que varre tudo ao seu redor e assim por diante.
Até mesmo as emocionantes batalhas contra chefes não facilitadas pela habilidade do jogador. Os pontos fracos geralmente são exibidos como pontos luminosos em seus corpos ou podem ser vistos quando Sam ativa a realidade aumentada.

A pontuação ao final de cada fase resume a atuação do jogador, como a velocidade para concluir as áreas, impedir que soldados aliados sejam eliminados e se houve ou não mortes do protagonista. Dessa forma "Vanquish" traz de volta aquela disputa dos fliperamas para ver quem consegue fazer mais pontos - mas agora em escala global, com os rankings online.

A história não chega ser curta. Seis horas são mais do que suficientes para contar a trama sem dar voltas desnecessárias. Dessa forma o jogo mantém mostrando novidades do início ao fim, sem nunca deixar o jogador entediado ou frustrado por ter que enfrentar a quinta versão genérica do mesmo chefe.

A vida útil do título é aumentada com os desafios propostos que colocam o herói contra hordas de inimigos em cenários já visitados pelo jogador. Essa parte é quase uma galeria de tiro, mas a dificuldade é bastante elevada e coloca as habilidades do jogador em teste a cada nova onda de inimigos.

Com ação frenética e alta dificuldade, "Vanquish" apresenta imagens fantásticas. Naves se chocam contra o chão e prédios explodem ao fundo enquanto no campo de batalha rajadas de tiro e peças de robôs cruzam os ares. O pior é que às vezes nem dá para ver o excelente trabalho por causa de tanta ação.

O trabalho de efeitos sonoros é impecável e as músicas (quando é possível ouvi-las no meio do barulho dos combates) são tão empolgantes que colocam o jogador no ritmo da batalha ou trazem a calmaria nos momentos nos quais que ela é necessária. Certamente um dos pontos mais fortes do jogo.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Kane & Lynch 2: Dogs Days


Xangai é um lugar sujo e decrépito, a ascensão da economia chinesa não é insinuada um momento sequer, porém é vista pelos prédios de vidro engolindo as vielas estreitas dos bairros residenciais. Lá é o novo lar de Lynch, que continua a fazer trabalhos escusos para todo tipo de criminoso disposto a pagar uma boa grana.

Porém, o reencontro com o parceiro Kane dá oportunidade para tiroteios sem fim pela cidade mais populosa da China. O motivo não poderia ser mais banal: em um momento de desespero Kane mata a pessoa errada - a filha de um grande mafioso.

A partir desse ponto a história mostra seu grande ponto fraco: na tentativa desesperada de manter o suspense, nada é dito. Basta seguir em frente e atirar em tudo o que se move - e muitas coisas se movem. A matança acaba ofuscando as personalidades distintas dos protagonistas, tão enfatizadas no primeiro título e dá pouco tempo para o jogador respirar e prestar atenção nas conversas. No final tanto faz o porquê, o importante é sobreviver para chegar ao fim do game e ganhar as Conquistas e Troféus.

As rajadas de metralhadoras ao menos mostram que os dois aprenderam a apertar o gatilho com eficiência, representando uma significante melhora na mecânica de jogo em relação ao título anterior. Os armamentos agora são bem distintos uns dos outros e existe sempre uma arma para cada ocasião. Se o combate é em locais fechados, uma escopeta; se for em campo aberto, um rifle de precisão e, entre as duas extremidades, pistolas, metralhadoras ou rifles de assalto.

Os alvos variam dos simplórios capangas, passam pelos policiais e chegam aos matadores profissionais. Em todos os casos, dotados de uma bela inteligência artificial que trabalha para atacar o jogador pelos flancos.

Dog Days" tem um respeitável modo online que oferece uma experiência mais profunda e divertida. O destaque fica para Fragile Aliance, modalidade na qual os jogadores são divididos em dois times rivais querendo assaltar o mesmo banco.

No início da partida os grupos são unidos, mas no desenrolar do jogo existe a possibilidade de uns se virarem contra os outros, ganhando assim mais experiência e dinheiro. Pode até parecer bobagem, mas é aqui que conseguimos ter um vislumbre de genialidade da IO Interactive ao criar algo realmente inovador.

Uma variação dessa modalidade é o Undercover Cop, na qual um dos bandidos é um policial disfarçado e tem potencial de tornar cada partida uma experiência sem igual - para isso, basta o jogador saber interpretar o seu papel. Mas as novidades acabam por aqui, pois o terceiro tipo de jogo, Cops & Robbers, é apenas uma variação do já batido Team Deathmatch.

Mafia 2

Histórias sobre famílias italianas e o crime organizado nos Estados Unidos tem sido mais do que contadas ao longo dos anos. A prática foi mostrada em diversas mídias, como o cinema, com o filme "O Poderoso Chefão", e na série de TV "Família Soprano", mostrando uma comunidade fechada e membros que respeitam a hierarquia.

Palavras como confiança, respeito e honra fazem parte do manual do bom mafioso e nenhum jogo conseguiu traduzir esses conceitos tão bem quanto "Mafia", da 2K Games, lançado em 2002.

"Mafia II", esta continuação, acontece entre as décadas de 40 e 50 na cidade fictícia de Empire Bay e tem como foco o conflito entre três famílias italianas que lutam para manter o controle do crime organizado da região. Enquanto os velhos chefes se satisfazem com golpes, empréstimos e cassinos ilegais, os mais jovens se aventuram para conseguir enriquecer rapidamente com praticas mais perigosas, como assaltos a joalherias e tráfico de drogas.

É claro que isso chama a atenção e logo começa a guerra entre os clãs. E isso é presenciado por Vito Scaletta, o protagonista Zé Ninguém que trilha o caminho para se transformar em um dos homens mais importantes da cidade.

"Mafia II" proporciona uma verdadeira viagem no tempo. O cenário é belíssimo, rico em detalhes, e mostra uma grande metrópole americana da época. A Segunda Guerra Mundial é o assunto do momento: as rádios trazem notícias dos acontecimentos no Velho Mundo, ruas apinhadas com cartazes do exército recrutando homens para lutar pela paz mundial e, claro, carros típicos do período andando morosamente pelas avenidas. Mas não é só por fora que os detalhes impressionam, dentro das casas e comércios é possível ver o cuidado minucioso da equipe de produção em criar a atmosfera perfeita.

As missões seguem o padrão aplicado pelo primeiro título da série, com longos trechos para serem percorridos de carro, só que dessa vez sem a implicância constante da polícia. Porém, é difícil não notar a grande influência estabelecida pela série "GTA".

Na maioria dos casos, o jogador deve seguir para um ponto da cidade, fazer o objetivo (que é matar, roubar, extorquir, explodir ou entregar um item) e depois seguir para o ponto B. Ainda assim, é possível ver que os desenvolvedores elaboraram uma série de missões típicas de mafiosos, como enterrar corpos e mutilar inimigos, mantendo assim uma identidade própria e marcante.

As mecânicas do jogo também seguem o padrão do gênero, mas o sistema de cobertura é um pouco duro e pode atrapalhar em espaços apertados. A 2K Czech tentou inovar ao colocar um sistema de combate desarmado bem elaborado, além de colocar diversas situações de trocas de tiro empolgantes e desafiadoras, o que mantém o interesse sempre em alta.

Na maioria das tarefas, Vito está acompanhado de Joe, amigo de infância. A ajuda dele não chega ser crucial, pois o companheiro controlado pelo computador sempre deixa a tarefa de eliminar os adversários por conta do jogador, mas é importante para complementar a narrativa e dar dicas ao jogador do que fazer em seguida.


"Mafia II" tem um grande foco na narrativa e agrada os fãs de histórias do gênero. As mecânicas foram construídas para manter o interesse do início ao fim, o que o diferencia de ser classificado como um clone de "Grand Theft Auto". Mafia 2 macula a excelente experiência de presenciar uma aventura típica e fascinante do crime organizado italiano.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Call of Duty: Black Ops


"Call of Duty" começou em 2003 como mais um jogo de tiro em primeira pessoa, claramente inspirado no sucesso de "Medal of Honor" mas não demorou para superar a franquia rival. A partir de 2007, com "Modern Warfare", "Call of Duty" se tornou o jogo a ser copiado e, quem sabe, superado.

A produtora Treyarch, vista como um estúdio secundário - os dois games "Modern Warfare" são criações da Infinity Ward - se aventura em um território inédito para a franquia: os conflitos dos anos 60, quando Estados Unidos e União Soviética lutavam ao redor do globo por influência política. Assim como "Metal Gear Solid", a Guerra Fria serve de pano de fundo para uma trama de ficção envolvente que faz a ligação entre os "Call of Duty" antigos e o primeiro "Modern Warfare".

Na campanha principal, o jogador assume o papel de Mason, soldado de Operações Especiais norte-americano, em busca de uma arma biológica terrível e de vingança. Com exceção de três missões curtas, o foco da narrativa está em Mason e essa decisão permitiu contar uma história muito mais detalhada e cheia de reviravoltas, digna dos melhores filmes de ação.

E ação é o que não falta em "Black Ops": em cerca de 15 horas de campanha, o jogador vai atropelar policiais nas ruas de Cuba, atirar em um ditador, saltar de rapel, fazer base jump do alto de uma montanha, mergulhar no mar do Caribe, explodir uma nave espacial, trocar tiros nos telhados de Hong Kong, usar oponentes como escudo, escapar de uma prisão siberiana, chuta latões de Napalm sobre os inimigos, pilotar lanchas ao som de "Sympathy for the Devil", dos Rolling Stones, voar em helicópteros, jogar "roleta russa" e eventualmente salvar o mundo, literalmente, com as próprias mãos.

Outro mérito do jogo é a diversidade: além dos excelentes tiroteios, há rápidas trocas de socos, missões de infiltração furtiva, batalhas aéreas e até mesmo estratégia em tempo real, em que um piloto passa instruções para a tropa em solo. As armas também são variadas: além das típicas metralhadoras, pistolas, rifles de precisão e lança-foguetes, o arsenal inclui bestas com flechas explosivas, bombas arremessadas em um enorme estilingue improvisado, mísseis anti-aéreos guiados pelo jogador e machadinhas.

Mesmo para um game de tiro, "Black Ops" é bastante violento. Gargantas cortadas, tomadas de câmera dramáticas em tiros na testa e uma sequência onde o jogador tortura um informante são parte do jogo.

Além da campanha, "Black Ops" possui outros modos de jogo e extras divertidos. A modalidade multijogador é uma evolução de "Modern Warfare 2", com novas mecânicas - o dinheiro e os contratos - que tornam o game mais divertido e profundo. Além da experiência, o jogador recebe créditos a cada partida e com eles, pode liberar armas, habilidades especiais e acessórios. Isso elimina a ordem em que cada novo item aparece no jogo e agiliza o processo de escolha, tornando as partidas mais estratégicas e divertidas.

Por fim, retorna o modo Zumbi de "Call of Duty: World at War", onde até quatro jogadores enfrentam hordas de nazistas mortos-vivos, nos moldes de "Left 4 Dead", mas com uma orientação similar aos jogos de tiro mais antigos, onde cada morte conta pontos que são usados para comprar armas, munição, abrir portas e até "vidas" extras.

O modo Zumbi tem dois cenários: no primeiro, liberado desde o começo, os jogadores são soldados da 2ª Guerra Mundial presos em um cinema durante a invasão zumbi. O outro, que se abre após o fim da campanha solo, coloca um quarteto ilustre da década de 60 para enfrentar os mortos dentro do Pentágono: John Kennedy, Fidel Castro, Richard Nixon e o secretário de defesa Robert Macnamara.

Entre os extras do jogo, se destacam dois, liberados ao explorar o menu inicial: o adventure de texto "Zork", relíquia do começo dos anos 80, e "Dead Ops Arcade", um game de tiro no estilo "Zombie Apocalypse", em que os jogadores disparam contra zumbis e coletam itens especiais, inclusive um macaco astronauta e armas especiais de "Call of Duty". Há também artes conceituais e modelos dos personagens do game.

Com visual incrível, diversidade e muita ação, "Black Ops" é o melhor jogo de tiro do ano, não há dúvidas. A Treyarch mostrou que é capaz de ir além da 2ª Guerra Mundial e explorar territórios modernos, prendendo a atenção do jogador em uma grande aventura de guerra e conspiração. Mais ainda, com "Black Ops" o estúdio provou que, quando se trata de jogos de tiro, por enquanto, só um novo "Call of Duty" é capaz de superar "Call of Duty".