segunda-feira, 10 de maio de 2010

X-Men Wolverine Origins



Criado em 1984 como um mero coadjuvante na revista do Incrível Hulk, Wolverine logo se transformou em astro de primeiro escalão da Marvel Comics, graças a memoráveis histórias criadas por lendas dos quadrinhos como Chris Claremont, Frank Miller e John Byrne. Com aparições cada vez mais constantes nas mais diversas publicações, além de games, desenhos animados e outros produtos, o herói se fixou de vez no imaginário popular com a estreia do filme "X-Men", em 2000.

O jogo inspirado no filme foi bancado pela Activision, que deixou o projeto a cargo da veterana Raven Software, responsável por bons jogos como "X-Men Legends" e "Marvel Ultimate Alliance". De acordo com vários depoimentos de membros da equipe durante o desenvolvimento, o estúdio se empenhou em criar algo além dos costumeiros caça-níqueis que representam boa parte dos games baseados obras cinematográficas no mercado, mesmo com menos tempo para trabalhar devido à necessidade de conciliar o lançamento do jogo com a estreia do filme nos cinemas.

Parece papo de marketing, mas não parece ter sido da boca para fora. "X-Men Origins: Wolverine" é um jogo acima da média para os padrões deste tipo de produto, com momentos de ação energética e apresentação sofisticada. Não está livre de problemas ou mostra grandes inovações, mas oferece o bastante para deixar os fãs do herói com um sorriso no rosto.

O que é preciso saber é que Wolverine é o melhor naquilo que faz. O personagem começa sua jornada em busca de vingança contra seu inimigo Dentes-de-Sabre detonando tudo o que vê pela frente, em um jogo que surpreende pelo grau de violência - bem mais explícita que no filme e em boa parte das outras aparições do sujeito em outras mídias. Aqui ele arranca braços e pernas, corta inimigos ao meio, estoura cabeças em hélices, empala soldados em estacas de madeira e esfola outros com uma naturalidade incrível. O velho Logan, em sua sede de sangue, poderia bem figurar em algum capítulo de "Mortal Kombat".

Embora condenável diante de jogadores mais novos, a brutalidade de Wolverine faz bem ao jogo. Graças a essa truculência, o jogador tem a sólida sensação de controlar uma pessoa dona de habilidades únicas, como o fator de cura e as garras afiadas, que não tem medo de nada e é capaz de enfrentar exércitos inteiros sozinho, de peito aberto. Sentir todo o poder de destruição do mutante e presenciar os tiros dos inimigos destruírem sua pele e carne, expondo seu esqueleto até que se regenere ali mesmo, não tem preço. É, sem dúvida, o grande triunfo da Raven Software no projeto.

Os combates então se tornam o principal em um esquema que segue à risca a fórmula de "God of War". Chefes que requerem algum tipo de mecânica especial, portas a serem arrebentadas e manivelas a serem montadas ou acionadas. Tudo está presente, incluindo aí a coleta de globos que garantem poderes especiais, upgrades de habilidades e acumulo de pontos de experiência. Não é nada interessante escalar muros ou buscar a saída com o instinto animal de Wolverine, mas ao menos tais passagens são rápidas e logo emendam novos momentos de pancadaria, com direito a combos furiosos na terra ou no ar e movimentos finalizadores sangrentos.

Vale ressaltar, em especial, o ótimo trabalho de edição. A montagem das seqüências é espetacular, utilizando vários truques cinematográficos para garantir a fluidez da ação. Em um momento você está retalhando inimigos na margem de um rio, um evento em vídeo acontece (com gráficos do próprio jogo) e em seguida você já está sobre um barco, atirando com uma metralhadora. Sem pausas para carregamento ou outras distrações que poderiam diminuir o ritmo. Ângulos de câmera inteligentes, efeitos de transição bacanas e uma trilha emprestada do filme também amplificam o impacto.