segunda-feira, 10 de maio de 2010

Infamous



O enredo de Infamous é bem misterioso, começando com uma devastadora explosão que destrói boa parte de Empire City. Cole, um mero entregador que carregava a bomba sem saber, é hospitalizado logo após o atentado e entra em coma. Tempos depois, o jovem acorda para descobrir que adquiriu estranhos poderes elétricos e que o futuro da cidade - agora sitiada pelo governo e infectada por um estranho vírus - depende dele. Isto é, se ele realmente quiser se envolver.

Para começar, "Infamous" leva a sério a idéia de deixar o jogador ser mocinho ou bandido. Há vários momentos em que escolhas devem ser feitas para ganhar (ou perder) pontos de Karma. Causar um tumulto como distração para se infiltrar sem problemas em uma base inimiga pode ser uma boa idéia, por exemplo, mas isso com certeza deixará civis feridos, o que pode alterar seu alinhamento. Explodir carros ou lutar sem muito cuidado também pode colocar inocentes em risco, e pontos serão adicionados ou subtraídos de acordo com seus movimentos.

Na prática, sua reputação altera a maneira como as pessoas ao seu redor reagem. Elas podem fugir em pânico ou querer te atacar, caso você seja malvadão, ou mesmo pedir favores e gritar seu nome caso você tenha pinta de herói. Isso também é importante pois há um ranking de reputação que libera gradativamente novos poderes e especialidades - que devem ser aumentadas de acordo com pontos de experiência arrecadados em brigas ou no cumprimento de missões.

Exploração plena

"Infamous" não deixa o jogador livre apenas para escolher sua reputação. A equipe da Sucker Punch trabalhou bem para criar uma sensação de liberdade na hora de explorar Empire City. A mecânica lembra um pouco "Tomb Raider" com "Spider-Man", permitindo que Cole se agarre em praticamente qualquer elemento de relevo nos prédios e construções para ajudar suas escaladas. Com o uso de seus poderes, ele também pode derrubar antenas e outros objetos para criar pontes e pontos novos de apoio para alcançar locais mais complicados.

É bom frisar que os controles são espetaculares. Mesmo quando os pulos parecem impossíveis, o jogo consegue captar sutis mudanças na direção do direcional e perceber onde você quer ir. Nada de frustração com saltos que levam para a morte ou falhas em agarrar quinas ou canos só por conta da diferença de angulação em relação aos objetos. Assim a experiência fica mais envolvente e divertida.

Tudo isso sem contar a vasta gama de poderes de Cole. Ele começa já bastante poderoso, incapaz de sofrer danos mesmo em algumas quedas mais absurdas e dono de habilidades interessantes, como a de soltar raios e criar ondas de choque. Com o tempo ele ainda é capaz de feitos ainda mais grandiosos, como criar uma espécie de campo de força ou evocar relâmpagos. E sempre dá para recarregar as energias em geradores e outros aparelhos elétricos nas proximidades, para não deixar o ritmo cair durante os combates - que não são dos mais épicos, mas conseguem trazer bom grau de desafio e versatilidade.

Capricho técnico

Além do grande polimento da mecânica e criação do cenário, a Sucker Punch também caprichou nos detalhes técnicos. Empire City é uma cidade muito bem pensada, preenchida por construções de diversos estilos arquitetônicos, entre prédios, lojas, praças, pontes e outros elementos.

Tudo isso ganha vida em um tom futurista decadente nos mínimos detalhes, com lixo espalhado pelos cantos, pisos quebrados, carros destruídos e muita gente desesperada pelas ruas - que esboçam as mais diversas e interessantes reações. Tudo isso sem o loading, que aparece apenas no momento inicial da aventura.


O sistema de Karma

No meio disso tudo, ainda há espaço para coletar vários itens, inclusive de missões paralelas.

É um fator importante para deixar o jogo mais longo. Assim como os stunts, que são movimentos mais elaborados determinados pelo game e podem ser realizados para a coleta de mais uns pontinhos de experiência.

Outro ponto positivo é a forma como os produtores desenvolvem a trama. Em vez de tentar, como parece ser a tendência atual, imitar um filme hollywoodiano, "Infamous" investe em uma abordagem mais sutil. Trechos de história misturam ilustrações que lembram histórias em quadrinhos e boas narrações em off. Nem tudo é mostrado, deixando para a imaginação do jogador preencher as lacunas, enquanto novos personagens são introduzidos na ação e mistérios são deixados no ar. No desenvolvimento mesmo, a única coisa que parece batida é a voz de Cole, grave e um pouco rouca, como parece ter se tornado padrão nos últimos tempos.