terça-feira, 10 de agosto de 2010
Mercenaries 2: World in Flames
Cercado por vários atrasos e polêmicas, finalmente "Mercenaries 2: World in Flames" deu o ar da graça, após gerar bastante expectativa na indústria e entre os fãs do competente jogo original, "Mercenaries: Playground of Destruction", lançado em 2005 para Playstation 2 e Xbox.
Uma das grandes polêmicas causadas por "Mercenaries 2: World in Flames" ocorreu logo depois que a produtora Pandemic anunciou que o cenário do jogo seria a Venezuela. Não demorou para o presidente do país, Hugo Chávez, sempre feliz em ter qualquer pretexto para aparecer na mídia, surgir condenando a idéia e acusando o game de servir como uma propaganda americana contra seu governo - potencializado, tempos mais tarde, pela informação de que Bono, humanitário e vocalista do U2, seria sócio de um dos fundos de investimento que bancam a softhouse. Geralmente este tipo de controvérsia serve apenas para apimentar e aumentar o burburinho em torno de algum produto, e com o título não foi diferente.
O problema é que a decisão aparenta ter sido planejada apenas para isso, ou seja, gerar publicidade, o que parece ter sido confirmado pela falta de empenho da softhouse em tentar minimizar as acusações e pelo roteiro genérico desenvolvido pela mesma.
O primeiro jogo, por exemplo, mostrava o trio de protagonistas em outro cenário real, no caso a zona desmilitarizada que separa a Coréia do Sul da Coréia do Norte. Claro, com muitas liberdades, colocando tudo em um futuro breve com uma iminente unificação entre os países e interferências de outras facções no processo, como as forças ocidentais, os chineses e até a máfia russa. Foi um pano de fundo interessante, em uma região única no planeta, que rendeu uma base sólida para uma aventura com toques militares, ou seja, havia uma justificativa para tal escolha, o que não acontece em sua continuação. O uso da Venezuela, aqui, parece ter sido calculado apenas para ganhar atenção no jornalismo fora do espectro de entretenimento, uma vez que a trama poderia acontecer em qualquer lugar do mundo com um mínimo de instabilidade política e qualquer recurso natural.
Na nova trama, protagonista que você seleciona - nenhum dos três, aliás, tem grandes variações no desenvolvimento - é traído durante um serviço para um milionário venezuelano e resolve se vingar, mesmo depois do sujeito tomar o poder do país com ajuda de forças armadas e tentar controlar instalações de petróleo. Como parece que não atuam por lá tantas organizações interessantes para serem apresentadas como facções como no primeiro jogo - ou a produtora não se deu ao trabalho de pesquisar -, a solução foi para forçar a barra. Quando não reciclaram, chutaram o balde, trazendo de volta desde os onipresentes soldados chineses às tropas de paz ocidentais e inserindo na confusão até mesmo um grupo de piratas rastafári, em um roteiro que faz com que alguns dos piores filmes do Chuck Norris pareçam originais e com diálogos profundos.
Reciclar para piorar
Em uma hora dessas o fã mais fervoroso se levanta da cadeira, bate na mesa, respira fundo e pensa que a história é o que menos importa, desde que "o jogo seja bom". Isto que dizer que, dentro do universo da série, você ainda seja capaz de andar pelos cenários amplos no melhor estilo "Grand Theft Auto", comprando armas pesadas, pilotando veículos de assalto e destruindo o que bem entender.
E realmente, olhando por este ângulo, "Mercenaries 2: World in Flames" se sai bem melhor. Ao completar missões, desde escoltar alguém a explodir pontos estratégicos, você evolui dentro da narrativa e tem a possibilidade de comprar mais instrumentos de destruição. É sempre um grande prazer mandar soldadinhos pelos ares com um lança-granadas, levando embora alguns muros e árvores como efeito colateral, ou mesmo chamar um ataque aéreo para tornar as explosões bem mais dramáticas e abrangentes. Dá para perder algumas boas horas de sua vida assim, enquanto é apresentado aos aspectos fundamentais do jogo.