"Final Fantasy" é uma série de jogos eletrônicos criada pela Square e que ao lado de Dragon Quest, da então rival Enix, estabeleceu os pilares do que entendemos como RPG japonês. "Final Fantasy" surgiu no Famicom em 1987 e de lá para cá, a série ganhou treze episódios numerados, além de vários jogos paralelos, em quase todas as plataformas. Embora conserve elementos em comum, os jogos da franquia "Final Fantasy" têm como principal traço reinventar-se a cada episódio, formando novos padrões para o gênero que tão fortemente representa.
"Final Fantasy XIII" foi lançado no Japão em dezembro de 2009 e chega com alguns meses de diferença ao ocidente, com versões para PlayStation 3 e Xbox 360. Não há diferenças entre as versões além da quantidade de discos, dada a limitação de espaço de armazenamento da mídia utilizada pelo console da Microsoft. Aos fãs da série, já aviso: a espera por "Final Fantasy XIII" valeu a pena.
O game apresenta uma ambientação que combina com maestria o tecnológico e o fantástico, com ordens religiosas, magia e divindades existindo lado a lado de naves espaciais, programas de televisão, lojas online e armas de fogo. A aventura se passa no planeta Pulse e no reino flutuante de Cocoon, criado por uma divindade fal'Cie e habitado pela raça humana.
Fantasia tecnológica
Os habitantes de Cocoon consideram Pulse uma grande ameaça e o governo local, o Sanctum, está sempre pronto para eliminar qualquer coisa que tenha contato com Pulse e com outros fal'Cie. Esses deuses-máquinas podem transformar pessoas em I'Cies, marcados por uma tatuagem e dotados de poderes especiais, incumbidos de realizar tarefas específicas para os deuses, seus Focus. Ao cumprir o Focus, um I'Cie é transformado em cristal. Caso falhe em sua missão, o I'Cie torna-se um monstro, chamado Cie'th.
A trama tem início quando o Sanctum recebe relatos sobre uma invasão de Pulse em um distrito de Cocoon e ordena a expulsão dos habitantes daquela área para o mundo inferior. O exílio é orquestrado pela tropa de elite PSICOM, mas nem todos estão dispostos a aceitar a situação com tranqüilidade e uma resistência tem início, com conseqüências desastrosas. Os heróis Lighting, Sazh, Snow, Hope, Vanille e Fang são introduzidos em meio a essa luta inicial e após entrar em contato com um fal'Cie durante o expurgo, tornam-se I'Cies, perseguidos pelo Sanctum e o pior, sem uma noção clara de qual é o seu Focus.
O enredo é bem construído e apresentado através de rápidas cenas de corte durante a jornada por Pulse, o que transmite a sensação de avanço constante e instiga o jogador a continuar. As horas voam entre as batalhas e as seqüências de narrativa e assim "Final Fantasy XIII" nunca se torna tedioso. Entre os capítulos, o jogador é presenteado com cenas maiores que aos poucos revelam mais sobre os eventos que antecedem a formação do grupo e seu destino interligado. A aventura é pontuada por uma trilha sonora impecável, com composições que completam o drama, a ação e até mesmo os momentos relaxantes e engraçados da história.
Visualmente, o jogo é deslumbrante, com cenários magníficos que convidam o jogador a parar de tempos em tempos e observar as paisagens construídas com esmero. As cenas pré-renderizadas estão entre as melhores já vistas em um jogo eletrônico, com animações faciais excelentes e sequências cinematográficas, marca registrada da Square-Enix.
Durante o jogo em si, os personagens são bem modelados, mas a movimentação deixa a desejar, tanto na transição entre os movimentos quanto pela presença de paredes invisíveis, que às vezes bloqueiam vastos espaços que poderiam, muito bem, ser abertos para a exploração.
Muitos jogadores podem estranhar a ausência de cidades em Final Fantasy XIII, mas o enredo justifica a fuga constante. Os pontos utilizados para salvar o progresso no jogo fazem às vezes de lojas, onde se compram itens, armas e acessórios. Nesses pontos também é possível aprimorar as armas e equipamentos, consumindo os itens deixados pelas criaturas e adversários abatidos.
Evolução nas mecânicas de jogo
O sistema de combate segue o padrão de batalhas por turnos. O jogador controla diretamente apenas o líder do grupo. Os outros dois integrantes agem de acordo com os "roles", uma abordagem mais aberta do que determinar classes específicas para os personagens. É possível mudar os papéis do grupo através do "Paradigm Shift", substituindo uma formação ofensiva por uma defensiva, por exemplo, entre muitas outras possibilidades.
Os ataques e magias dos personagens consomem unidades de tempo, enquanto as técnicas possuem uma barra própria. O jogo oferece uma opção chamada 'auto-battle' que simplifica a participação do jogador a administrar o paradigma do grupo, mas para obter os melhores resultados, é necessário dominar o sistema como um todo, explorar as combinações de papéis e possibilidades de cada movimento, item e magia. O sistema de combate de "Final Fantasy XIII" prova-se fácil e acessível para qualquer pessoa, mas dominar suas minúcias é uma tarefa para os jogadores dedicados.
Ao final das batalhas os personagens ganham pontos para adquirir novas habilidades e melhorar seus atributos no Crystarium. Não há níveis de evolução em "Final Fantasy XIII", mas a aquisição de poderes, técnicas e atributos não é diferente disso, em essência.
Vários elementos típicos da série estão presentes. As invocações, aqui chamadas Eidolons, devem ser domadas em combate, o que nem sempre envolve provocar dano direto às belas criaturas, para servir ao seu usuário. Os Eidolons podem lutar ou assumir formas veiculares. Os pássaros Chocobo e outras criaturas conhecidas dos fãs da série marcam presença, dando ao jogo a familiaridade necessária em todo "Final Fantasy".