
"Final Fantasy XIII" foi lançado no Japão em dezembro de 2009 e chega com alguns meses de diferença ao ocidente, com versões para PlayStation 3 e Xbox 360. Não há diferenças entre as versões além da quantidade de discos, dada a limitação de espaço de armazenamento da mídia utilizada pelo console da Microsoft. Aos fãs da série, já aviso: a espera por "Final Fantasy XIII" valeu a pena.
O game apresenta uma ambientação que combina com maestria o tecnológico e o fantástico, com ordens religiosas, magia e divindades existindo lado a lado de naves espaciais, programas de televisão, lojas online e armas de fogo. A aventura se passa no planeta Pulse e no reino flutuante de Cocoon, criado por uma divindade fal'Cie e habitado pela raça humana.
Fantasia tecnológica
Os habitantes de Cocoon consideram Pulse uma grande ameaça e o governo local, o Sanctum, está sempre pronto para eliminar qualquer coisa que tenha contato com Pulse e com outros fal'Cie. Esses deuses-máquinas podem transformar pessoas em I'Cies, marcados por uma tatuagem e dotados de poderes especiais, incumbidos de realizar tarefas específicas para os deuses, seus Focus. Ao cumprir o Focus, um I'Cie é transformado em cristal. Caso falhe em sua missão, o I'Cie torna-se um monstro, chamado Cie'th.
A trama tem início quando o Sanctum recebe relatos sobre uma invasão de Pulse em um distrito de Cocoon e ordena a expulsão dos habitantes daquela área para o mundo inferior. O exílio é orquestrado pela tropa de elite PSICOM, mas nem todos estão dispostos a aceitar a situação com tranqüilidade e uma resistência tem início, com conseqüências desastrosas. Os heróis Lighting, Sazh, Snow, Hope, Vanille e Fang são introduzidos em meio a essa luta inicial e após entrar em contato com um fal'Cie durante o expurgo, tornam-se I'Cies, perseguidos pelo Sanctum e o pior, sem uma noção clara de qual é o seu Focus.
O enredo é bem construído e apresentado através de rápidas cenas de corte durante a jornada por Pulse, o que transmite a sensação de avanço constante e instiga o jogador a continuar. As horas voam entre as batalhas e as seqüências de narrativa e assim "Final Fantasy XIII" nunca se torna tedioso. Entre os capítulos, o jogador é presenteado com cenas maiores que aos poucos revelam mais sobre os eventos que antecedem a formação do grupo e seu destino interligado. A aventura é pontuada por uma trilha sonora impecável, com composições que completam o drama, a ação e até mesmo os momentos relaxantes e engraçados da história.
Visualmente, o jogo é deslumbrante, com cenários magníficos que convidam o jogador a parar de tempos em tempos e observar as paisagens construídas com esmero. As cenas pré-renderizadas estão entre as melhores já vistas em um jogo eletrônico, com animações faciais excelentes e sequências cinematográficas, marca registrada da Square-Enix.
Durante o jogo em si, os personagens são bem modelados, mas a movimentação deixa a desejar, tanto na transição entre os movimentos quanto pela presença de paredes invisíveis, que às vezes bloqueiam vastos espaços que poderiam, muito bem, ser abertos para a exploração.
Muitos jogadores podem estranhar a ausência de cidades em Final Fantasy XIII, mas o enredo justifica a fuga constante. Os pontos utilizados para salvar o progresso no jogo fazem às vezes de lojas, onde se compram itens, armas e acessórios. Nesses pontos também é possível aprimorar as armas e equipamentos, consumindo os itens deixados pelas criaturas e adversários abatidos.
Evolução nas mecânicas de jogo
O sistema de combate segue o padrão de batalhas por turnos. O jogador controla diretamente apenas o líder do grupo. Os outros dois integrantes agem de acordo com os "roles", uma abordagem mais aberta do que determinar classes específicas para os personagens. É possível mudar os papéis do grupo através do "Paradigm Shift", substituindo uma formação ofensiva por uma defensiva, por exemplo, entre muitas outras possibilidades.
Os ataques e magias dos personagens consomem unidades de tempo, enquanto as técnicas possuem uma barra própria. O jogo oferece uma opção chamada 'auto-battle' que simplifica a participação do jogador a administrar o paradigma do grupo, mas para obter os melhores resultados, é necessário dominar o sistema como um todo, explorar as combinações de papéis e possibilidades de cada movimento, item e magia. O sistema de combate de "Final Fantasy XIII" prova-se fácil e acessível para qualquer pessoa, mas dominar suas minúcias é uma tarefa para os jogadores dedicados.
Ao final das batalhas os personagens ganham pontos para adquirir novas habilidades e melhorar seus atributos no Crystarium. Não há níveis de evolução em "Final Fantasy XIII", mas a aquisição de poderes, técnicas e atributos não é diferente disso, em essência.
Vários elementos típicos da série estão presentes. As invocações, aqui chamadas Eidolons, devem ser domadas em combate, o que nem sempre envolve provocar dano direto às belas criaturas, para servir ao seu usuário. Os Eidolons podem lutar ou assumir formas veiculares. Os pássaros Chocobo e outras criaturas conhecidas dos fãs da série marcam presença, dando ao jogo a familiaridade necessária em todo "Final Fantasy".