segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mirror's Edge

A produtora sueca DICE, subsidiária da Electronic Arts, fez sua fama em torno do trabalho na franquia "Battlefield", mas achou que finalmente era a hora de tentar algo novo, depois de tantos jogos e expansões seguidos. O resultado é "Mirror's Edge", que mesmo utilizando a visão em primeira pessoa, traz um conceito oposto ao de sua série de guerra, favorecendo a exploração de cenários e deixando os combates como último recurso.

Vertigem

Isto ocorre tomando o Parkour como base. A chamada "arte do movimento" é uma disciplina criada na França na década passada, inspirada nos circuitos de obstáculos utilizados em treinamentos militares. O objetivo é aperfeiçoar o corpo e a mente ao ultrapassar qualquer tipo de obstáculo, seja em ambientes rurais ou urbanos, como carros, muros, escadas e o que mais aparecer, em momentos de emergência. Na prática, geralmente parece como uma brincadeira de "siga o chefe" bem radical, em que alguém corre para criar um trajeto com determinados desafios e outros seguidores vão atrás.

Apesar da pouca idade, o Parkour já ganhou fama internacional, principalmente depois que os responsáveis pela sua criação e outros envolvidos passaram a estrelar filmes em seu país de origem, como "Yamakasi - Os Samurais dos Tempos Modernos", "Os Filhos do Vento" e "O 13º Distrito". O cinemão internacional não perdeu tempo e colocou um pouquinho da arte em filmes como "Duro de Matar 4.0" e "007 - Cassino Royale" e, claro, os videogames não demoraram também, como pôde ser visto em "Assassin's Creed", no ano passado.

"Mirror's Edge" funciona praticamente como um simulador de Parkour. Faith, a heroína, vive em uma metrópole futurista controlada por um governo totalitário. Ela é uma "runner", espécie de mensageira que corre pelos telhados de edifícios e galpões para entregar mensagens aos líderes da resistência locais e precisa salvar a pele de sua irmã, envolvida em uma conspiração depois que um candidato a prefeito é assassinado.

Constantemente acuada, perseguida pelas forças da agência de segurança local e outras figuras, Faith precisa fazer seus caminhos pelos topos das construções, saltando telhados, escadas, dutos de ventilação e pegando carona até mesmo em guindastes e helicópteros. E, por mais estranho que possa parecer nas fotos e vídeos, é algo que funciona de maneira satisfatória por conta de três fatores: o campo de visão mais amplo do que em jogos de tiro tradicionais, o posicionamento da câmera em um ponto mais alto, imitando a altura correta da personagem, e também o esquema de controles, que basicamente pede três botões além dos direcionais.

Em suas corridas, você precisa apertar um botão para realizar ações baixas, como rolar ou escorregar, outro para exercer ações no alto, como pulos e cambalhotas, e um terceiro para abrir portas. Como não há indicadores na tela, os cenários são limpos e geralmente prédios, objetos e partes dos cenários pintados na cor vermelha são aqueles que devem ser explorados de alguma maneira - é a chamada "Runner Vision". Cabe então a você correr e tentar emendar manobras para chegar de um ponto vermelho a outro, sem grandes interrupções para não perder seu ritmo.

Só repetindo as mesmas fases é que dá para se ter uma noção dos cenários e dos gráficos, que surgem com um estilo gráfico minimalista e muito interessante. Com poucos detalhes, os trechos de história são apresentados como desenho animado, em um estilo artístico que lembra bastante o do clássico "Fear Effect", do Playstation One. A metrópole futurista é apresentada de maneira limpa, com muitos ângulos retos e muitas cores claras que criam contraste com os obstáculos vermelhos e os próprios personagens, que se movimentam de forma impressionante.